quarta-feira, 23 de junho de 2010

A um poeta

Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afuguentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno…

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções…
Mas de guerra… e são vozes de rebate!

Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

Antero de Quental

Destino

Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta – “Floresce!” -
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem…
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino…
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Almeida Garrett

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Jardim e a Noite

Atravessei o jardim solitário e sem lua,
Correndo ao vento pelos caminhos fora,
Para tentar como outrora
Unir a minha alma à tua,
Ó grande noite solitária e sonhadora.

Entre os canteiros cercados de buxo,
Sorri à sombra tremendo de medo.
De joelhos na terra abri o repuxo,
E os meus gestos dessa encantação,
Que devia acordar do seu inquieto sono
A terra negra canteiros
E os meus sonhos sepultados
Vivos e inteiros.

Mas sob o peso dos narcisos floridos
Calou-se a terra,
E sob o peso dos frutos ressequidos
Do presente,
Calaram-se os meus sonhos perdidos.

Entre os canteiros cercados de buxo,
Enquanto subia e caía a água do repuxo,
Murmurei as palavras em que outrora
Para mim sempre existia
O gesto dum impulso.

Palavras que eu despi da sua literatura,
Para lhes dar a sua forma primitiva e pura,
De fórmulas de magia.

Docemente a sonhar entra a folhagem
A noite solitária e pura
Continuou distante e inatingível
Sem me deixar penetrar no seu segredo
E eu senti quebrar-se, cair desfeita,
A minha ânsia carregada de impossível,
Contra a sua harmonia perfeita.

Tomei nas minhas mãos a sombra escura
E embalei o silêncio nos meus ombros.
Tudo em minha volta estava vivo
Mas nada pôde acordar dos seus escombros
O meu grande êxtase perdido.

Só o vento passou e quente
E à sua volta todo o jardim cantou
E a água do tanque tremendo
Se maravilhou
Em círculos, longamente.

Sophia de Mello Breyner Andresen, “Cem poemas de Sophia”

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

Os Argonautas

o barco, meu coração não aguenta
tanta tormenta
alegria, meu coração não contenta
o dia, o marco, meu coração
o porto, não
navegar é preciso
viver não é preciso
o barco, noite no teu tão bonito
sorriso solto perdido
horizonte, madrugada
o riso, o arco, da madrugada
o porto, nada
navegar é preciso
viver não é preciso
o barco, o automóvel brilhante
o trilho solto, o barulho
do meu dente em tua veia
o sangue, o charco, barulho lento
o porto silêncio


Caetano Veloso

O poder da palavra

A palavra não cria o homem, é o homem que cria a palavra.

A palavra não constrói mundos, ajuda-nos apenas a compreendê-los.

A palavra capacita enquanto a utilidade se faz na individualidade de cada um.

A palavra não cria asas, é o homem que a transporta em seus pensamentos.

A palavra define, modifica, estabelece uma ordem sobre as coisas.

A palavra tem o poder de mudança, mas a iniciativa é do próprio homem.

A palavra agrega conhecimentos para a nossa formação pessoal.

A palavra é uma chave para os mistérios da vida.

A palavra insere ou exclui.

A palavra fere mas também cura.

A palavra ... a palavra ... é a pura e simples palavra.


Por: Ericson Tavares
Os animais foram imperfeitos,
compridos de rabo, tristes de cabeça.
Pouco a pouco se foram compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça vôo.
O gato,
só o gato apareceu completo e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

Não há unidade como ele,
não tem a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa
só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só ranhura
para jogar as moedas da noite .

Oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie reclamas
quando passas e pousas
quatro pés delicados no solo,
cheirando, desconfiando de todo o terrestre,
porque tudo é imundo
para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta dos quartos,
insígnia de um desaparecido veludo,
certamente não há
enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gato, companheiros, colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.

Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.


Pablo Neruda

sábado, 19 de junho de 2010

Sísifo

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.


Miguel Torga, Diário XIII
Nada me prende, a nada me ligo, a nada pertenço.
Todas as sensações me tomam e nenhuma fica.
Sou mais variada que uma multidão de acaso.
Sou mais diversa que o universo espontâneo.
Todas as épocas me pertencem um momento,
Todas as almas um momento tiveram seu lugar em mim.
Flluída de intuições, rio de supor - mas,
Sempre ondas sucessivas,
Sempre o mar - agora desconhecendo-se.
Sempre separando-se de mim, indefinidamente."


FERNANDO PESSOA

Ápice

O raio do sol da tarde
Que uma janela perdida
Refletiu
Num instante indiferente —
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente…

Seu efêmero arrepio
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva…
— E não poder adivinhar
Porque mistério se me evoca
Esta idéia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!…

-Ah, não sei porquê, mas certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projeção atravessou…

Tanto segredo no destino de uma vida…

É como a idéia de Norte,
Preconcebida,
Que sempre me acompanhou…

Mário de Sá Carneiro

Quase

Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…

Assombro ou paz? Em vão… Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido…

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão…
Mas na minh’alma tudo se derrama…
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo … e tudo errou…
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim…
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou…

Momentos de alma que,desbaratei…
Templos aonde nunca pus um altar…
Rios que perdi sem os levar ao mar…
Ânsias que foram mas que não fixei…

Se me vagueio, encontro só indícios…
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios…

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí…
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi…

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…

Mário de Sá Carneiro
"No palácio real de Teerã, no Irã, você pode ver um dos mais bonitos trabalhos em mosaico do mundo.

Os tetos e as paredes cintilam como diamantes com reflexos multifacetados. Originalmente, quando o palácio foi projetado, o arquiteto especificou enormes folhas de espelhos para as paredes. Quando o primeiro carregamento chegou de Paris, descobriram que os espelhos estavam todos quebrados. O empreiteiro mandou jogar tudo ao lixo e levou a triste notícia ao arquiteto.

Surpreendentemente, o arquiteto ordenou que todas as peças quebradas fossem recolhidas, quebradas em pedaços ainda menores e, então, coladas às paredes, transformando-se em um mosaico prateado e cintilante.

Quebrado para tornar-se belo!
É possível transformar cicatrizes em estrelas.
É possível ser melhor exatamente por ter se quebrado."

(Autor Desconhecido)

Em busca da verdade

A verdade pode-se encontrar sob multiplas facetas, poderá estar inserida em variados pontos de vista.

O que é a verdade?

O processo ou a conclusão?

Tenho a verdade como um senso, um processo lógico no desenrolar na composição da informação abordada. A verdade não pode ser contraditória, ilógica, a verdade tem que estar de acordo com a informação já levantada. A verdade é uma espécie de conclusão obtida pelo rebuscamento e manutenção de informações na chegada de uma conclusão, de um consenso sobre a questão levantada.

A busca da verdade é estar exposto ao erro, sujeito ao ridiculo pois a verdade é uma espécie de risco sustentada por nossas certezas.

Quem acredita na verdade acredita mais na informação, na conclusão subtraída da mesma, enquanto se é verdadeiro ou não isso será apenas uma consequência da conclusão obtida. A verdade não seria parte componente da informação, mas seria apenas uma classificação dessa mesma informação, um julgamento da mesma.

A verdade também pode estar oculta na ilusão. Para isso temos que nos aventurarmos na busca ao seu encontro, temos que buscar e rebuscar mais além das aparências e chegar a uma conclusão de sua totalidade, não ignorando os fatos históricos e todo o processo que desencadeou na sua conclusão. Pois essa é a verdade, digamos, "mais pura", aquela em que levamos em consideração toda uma ocorrência histórica que nos levou a mesma.

A ilusão pode ser verdadeira enquanto engano... pois estaria sujeita à mentira já que é uma milusão...

É interessante esse aspecto da verdade da ilusão, ou seja, que és em si mesma uma ilusão. A verdadeira ilusão torna-se-á uma mentira e deixará de ser verdadeira... Outro aspecto importante é a verdade que tem a mentira, a verdade da mentira é que ela é justamente uma mentira, uma informação ilógica, sem fundamentos, sem alguma correspondência lógica.

A verdade pode ser extraída de tudo, até mesmo de uma mentira!

A verdade é verdadeira por si mesma. Se a verdade prevalece é porque o bom senso domina. A verdade forma opinião, assegura-nos à vida, ela é o sustentáculo da sociedade, das relações pessoais, de nossas certezas.

A verdade também pode se manifestar oculta, onde teremos que utilizar da simbologia, da interpretação subjetiva, metafísica, para obtermos o seu encontro. A verdade oculta na verdade, ainda não existe, ela é fruto do rebuscamento da mente na correspondência de suas interrogações.


Por: Ericson Tavares

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Qualquer Música

Qualquer música, ah, qualquer,
Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!

Qualquer música – guitarra,
Viola, harmônio, realejo…
Um canto que se desgarra…
Um sonho em que nada vejo…

Qualquer coisa que não vida!
Jota, fado, a confusão
Da última dança vivida…
Que eu não sinta o coração!

Fernando Pessoa

Nada que sou me interessa

NADA QUE SOU me interessa.
Se existe em meu coração
Qualquer que tem pressa
Terá pressa em vão.

Nada que sou me pertence.
Se existo em que me conheço
Qualquer cousa que me vence
Depressa a esqueço.

Nada que sou eu serei.
Sonho, e só existe em meu ser,
Um sonho do que terei.
Só que o não hei de ter.

Fernando Pessoa

AUTOR DA VIDA

Vai,
deixa de tristeza e deixa o sonho te levantar, acredite que é possível ainda hoje uma virada, acredite que tudo foi apenas um engano,
mantenha a rota do seu barco da vida, não desista novamente, as pedras são apenas restos que a chuva trouxe...


Amar, viver, sonhar, acreditar, lutar e até o chorar, são fases que compõem o grande quadro chamado vida, onde a tela
é a sua história, as tintas são as pessoas que passam por ela, mas, o pintor,
o responsável pela obra será sempre você
Haja o que houver, aconteça o que acontecer, o pincel que mistura as cores, que dá forma ao que vai surgir na tela, que cria e apaga situações e imagens,
ainda está na sua mão
É você quem pode criar agora, uma estrada florida,
ou o caminho escuro das incertezas e dúvidas.
Já que você é o autor,
o pintor dessa tela chamada vida, comece pintando um sorriso, que é o sinal que representa a esperança,
a renovação, símbolo dos que não desistem nunca de ser feliz, e ser feliz exige criatividade, esforço e dedicação.
Se tudo deu errado até aqui,
passe tinta branca em toda a tela e recomece, hoje é o dia perfeito para uma nova pintura...

Paulo Roberto Gaefke

Porque do porque?

Imoral ou simplesmente moral?

Imparcial ou parcial com a própria imparcialidade?

Obseno ou incomum?

Profano ou sagrado? Pra quem?

Calado é o mesmo que vazio?

Estética... quem a compreende?

O inútil pode ser útil?

Triste ou gozado, quem sente sente o mesmo?

Essência ou fragrância?

Impudico ou prazer?

Sedentário ou simplesmente vive?

Todo necessário é útil ou todo útil é necessário?

Sonho ou imaginação?

Viver é estado?

Individualismo ou individualidade?

Sentido ou movimento?

Loucura e anormalidade são compreendidas?

Certeza ou fé, o que difere...?

Rico ou pobre, que critérios utilizamos para defini-los?

Verdade ou mentira, ponto de vista?

Forte ou fraco, capacidade?

Crescimento interno é percebido assim como o externo?

Quem existe vive?

Quem pensa se movimenta?

A idade de existência corresponde a idade da alma?

Sou ou estou?

Ser visto é ser compreendido? O que falta?

Quem sou eu, já chegaram a alguma conclusão?


Pois a dúvida às vezes é a melhor das respostas para a vida.


Por: Ericson Tavares

domingo, 13 de junho de 2010

Os sentimentos são como passaros

Os sentimentos são como passaros, que pousam na segurança do encontrar de um amparo para se fixar.
Eles voam quando a liberdade os chamam, e se fixam quando se encantam, num canto talvez harmonicamente, sentido... eles são o sentido para nossas necessidades intimas, eles alimentam o produto do seu amor, ainda pequeninos.
Os sentimentos se caracterizam com os passaros, com os gostos, com a experiência
que cada um imprime do mundo. São passaros talvez engaiolados a espera de serem libertos, ou o encontro da liberdade no mais profundo recondito do seu ser.


Por: Ericson Tavares
Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

Cecília Meireles

O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 10 de junho de 2010

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mário Quintana

Ah! Os Relógios

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana
In: "A Cor do invisível"

domingo, 6 de junho de 2010

Eu

SOU LOUCO e tenho por memória
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.
Depois, malograda trajetória
Do meu destino sem esperança,
Perdi, na névoa da noite inglória,
O saber e o ousar da aliança.

Só guardo como um anel pobre
Que a todo herdeiro só faz rico
Um frio perdido que me cobre

Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.

Fernando Pessoa
Poesias Inéditas

Sou o fantasma de um rei

Sou o fantasma de um rei
Que sem cessar percorre
As salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
A ideia de que tive algum passado...

Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
Que alguém do outro mundo esteja tendo...
Creio talvez que estou
Sendo um perfil casual de rei tristonho
Numa história que um deus está relendo...

Fernando Pessoa
Ó naus felizes ,que do mar vago
Volveis enfim ao silêncio do porto
Depois de tanto noturno mal
Meu coração é um morto lago,
E à margem triste do lago morto
Sonho um castelo medieval...

E nesse,onde sonha,castelo triste,
Nem sabe saber a,de mãos formosas
Sem gesto ou cor,triste castelã
Que um porto além rumoroso existe,
Donde as naus negras e silenciosas
Se partem quando é no mar manhã...

Nem sequer sabe que há o,onde sonha,
Catelo triste...Seu spírito monge
Para nada externo é perto e real...
E enquanto ela assim se esquece,tristonha,
Regressam,velas no mar ao longe,
As naus ao porto medieval...

Fernando Pessoa
Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.

Tudo isso como o livro da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.

Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar como uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.

Ferndo Pessoa (Quando fui o outro) pg.35 Ed. Alfaguara

sábado, 5 de junho de 2010

Há um Sorriso que é de Amor
E há um Sorriso de Maldade,
E há um Sorriso de Sorrisos
Onde os dois Sorrisos têm parte.

E há uma Careta de Ódio
E há uma Careta de Desdém
E há uma Careta de Caretas
Que te esforças em vão pra esquecê-la bem

Pois ela fere o Coração no Cerne
E finca fundo na espinha Dorsal
E não um Sorriso que nunca tenha sido Sorrido
Mas só um Sorriso solitário

Que entre o Berço e o Túmulo
Somente uma vez se Sorri assim
Mas quando é Sorrido uma vez
Todas a Tristeza tem seu fim

William Blake

O Jardim do Amor

O Jardim do Amor fui visitar,
E vi então o que jamais notara:
Lá bem no meio estava uma Capela,
Onde eu no prado correra e brincara.

E os portões desta Capela não abriam,
E "Não farás" sobre a porta escrito estava;
E voltei-me então para o Jardim do Amor
Lá onde toda a doce flor se dava;

E os túmulos enchiam todo o campo,
E eram esteias funerárias as flores;
E Padres de preto, em seu passeio secreto,
Atando com pavores minhas alegrias & amores.

William Blake, in "Canções da Experiência"
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

Augúrios de inocência

Ver um mundo num grão de areia,
E um céu numa flor do campo,
Capturar o infinito na palma da mão
E a eternidade numa hora

Um tordo rubro engaiolado
deixa o céu inteiro irado
Um cão com dono e esfaimado
prediz a ruína do estado
Ao grito da lebre caçada
da mente, uma fibra é arrancada
Ferida na asa a cotovia,
um querubim, seu canto silencia....
....Toda noite e toda manhã linda,
uns nascem para o doce gozo ainda
outros nascem numa noite infinda
Passamos na mentira a acreditar
qdo não vemos através do olhar
que uma noite nos traz e outra deduz,
quando a alma dorme mergulhada em luz
Deus aparece e Deus é luz amada
para aqueles que na noite têm morada
E na forma humana se anuncia,
para aqueles que vivem nas regiões do dia.

William Blake

Existe regras para ser humano?

Tudo bem que existe as leis que regem uma sociedade, mais elas são direcionadas justamente para a vida em SOCIEDADE, para a formação de cidadãos. Mas será que existe regra para ser humano? Existe algum manual específico para a formação de seres humanos? Ou eles simplesmente são o que são independente da cultura que adotem?

O que é ser humano?

Deixamos de ser humanos se temos um padrão próprio de vida específico? Levando em conta que o ato de pensar é uma característica comum nos seres humanos, e que o pensar pode levar a divergência, a concordância, a criação ou eliminação. O pensar, que nos torna humanos, poderá possibilitar a cada ser um padrão de vida de acordo com suas perspectivas de mundo e o ambiente a qual faz parte.

Poderiamos afirmar que a condição humana é garantida pela existência do ser. É através dela que procuramos meios para estabilizar nossas condições dentro da cultura a qual faz parte, dos seus valores, buscar o equilibrio de uma vida para suas necessidades.

Teria o homem regras naturais paara se viver ou seria apenas uma consequencência de uma determinada experiência vivida que criaria o senso de regra sobre essa mesma experiência?

Ser humano é um estado, condição ou identidade?

Creio que o que nos faz ser humanos é estar vivo, ser como somos, como nos percebemos e termos consciência de quem somos.

A vida em si não exige regras da natureza, dos animais, do homem individualmente, mas a partir do momento que ele assume o seu compromisso social e interage dentro de um sistema, sociedade, ela passa a seguir as normas da mesma, não por ser uma imposição, mas para facilitar sua vida e a da própria sociedade.

Para sermos humanos basta que assim nos compreendamos e vivamos para isso.


Por: Ericson Tavares

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A mudança existe?

O mundo não se resume a fatos isolados sem uma correspondência lógica.

O mundo está em constante transformação ou seria a nossa maneira em como o percebemos, supondo que os fenômenos sejam todos "naturais" já que fazem parte de uma mesma realidade conjunta, poderia haver mudança na natureza das coisas ou não? A mudança é externa ou interna aos nossos sentidos?

Se todo fenômeno dentro da realidade existente é natural então existe a possibilidade de que nada no caso mude, de que essa "mudança" a qual percebemos seja o estado natural imutável do universo. Que a mudança estaria presente apenas na nossa visão limitada de mundo e não de fato como realmente é? O estado de mudança que observamos não seria nada mais que a não-mudança, um estado estabilizado do universo visto por um ótica fora do tempo e espaço deste universo presente?

As mudanças acontecem no campo da física, e a mente se encarrega de compreendê-las e estabelecer valores sobre o que se percebe. A mudança da física implica na mudança da mente, pois a primeira condiciona o entendimento da segunda.

A vida não é um jogo na qual se possa molda-la ao bel prazer. Cada mudança implica em uma observação diferente, em uma concepção de mundo diferente. A mudança começa na consciência de cada um e não de uma unidade para todos. Nós só podemos compreender as mudanças que se passam nos nossos limites de percepção, daquilo que tomamos consciência, nas nossas próprias experiências reais, por isso querer mudar o mundo é uma idéia absurda pois não mudamos o que não compreendemos, pois como poderiamos mudar aquilo que desconheço? Como poderia mudar de opinião se não tenho uma opinião de fato sobre algo devido não conhecê-lo? O que causará apenas a concepção sobre esse algo e não um sentido de mudança de fato.

A mudança seria de fato a lei da vida ou a lei dos homens? Do entendimento limitado da mente humana ou na natureza da própria natureza?

Uma homem não pode mudar um mundo, poderá mudar a si mesmo, direcionar sua mente, enquanto ao mundo ele sempre vai estar sendo como nos apresenta no presente, ele sempre é ou deixará de ser. A mudança no mesmo implica na mudança nos fenômenos e consequentemente na mudança, compreenção mental.

Não se pode mudar o mundo pois ele por si só modifica-se conforme compreendemos, transmuta-se, nós fazemos parte do mesmo e acompanhamos as variações nos fenômenos, somos partes dos próprios fenômenos, somos criaturas dentro de uma realidade específica (Terra) condicionados ao nosso estilo de vida, às nossas crenças, costumes, culturas etc...

No máximo mudamos nossa concepção sobre as coisas, mudamos nossos pensamentos apartir das experiências de cada um. Apenas assim, através da mudança mental de cada um é que poderemos mudar o mundo, na maneira em como ele nos apresenta ser.


Por: Ericson Tavares
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Clarice Lispector
“ Afasta sua mão que o ilude! Porque o caminho da tradição não é o caminho dos poucos escolhidos, mas o caminho de todos os homens! E o poder que você pensa que tem não vale nada, porque não é um poder que se divida com outros homens! Você devia ter recusado a espada, e se você tivesse feito isso ela lhe seria entregue, porque seu coração estava puro. Mas como eu temia, no momento sublime você escorregou e caiu. E por causa da sua avidez, terá que caminhar novamente em busca de sua espada. E por causa de sua soberba, terá que busca-la entre os homens simples. E por causa de seu fascínio pelos prodígios, terá que lutar muito para conseguir de novo aquilo que tão generosamente ia lhe sendo entregue.” – Paulo Coelho em Diário de um mago.

Blaise Pascal in Pensées

"Que quimera é, então, o homem!
Que novidade!
Que monstro, que caos, que contradição!
Juiz de todas as coisas,
verme imbecil da terra,
depositário da verdade,
poço de incerteza e erro;
o orgulho e o refugo do Universo!"

(Blaise Pascal in Pensées)

A Descoberta do Mundo

Se o meu mundo não fosse humano,
também haveria lugar para mim:
eu seria uma mancha difusa de instintos
doçuras e ferocidades, uma trêmula irradiação de paz e luta:
se o meu mundo não fosse humano eu me arranjaria sendo um bicho.
Por um instante então desprezo o lado humano da vida
e experimento a silenciosa alma da vida animal.
É bom, é verdadeiro, ela é a semente do que depois se torna humano.

Clarice Lispector

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eu aprendi...

Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer

William Shakespeare

Existe perfeição moral?

Procurar aquilo que faz bem, um estilo de vida fundamentado não é querer ser "o santo", nem pretender um estilo de vida inquestionavel, mas é ter valor próprio e conhecimento para buscar o melhor para si.

Onde está a perfeição na moral?

Conceituando, a perfeição sempre estará na percepção daquele que a percebe. Sendo que esta variará de individuo para individuo conforme o senso de belo de cada um. A perfeição estará essencialmente nos critérios que utilizamos para concebê-la. Geralmente o senso estético estará intimamente relacionado com aquilo que entendemos como perfeito. Perfeição no caso, seria uma visão limitada de mundo, uma visão congelada de uma imagem construída sobre determinado objeto.

Nada que é mutável é perfeito. Mas a concepção humana tem a capacidade de isolar certos padrões na formação daquilo que mais se assemelha com o seu senso de perfeito. O senso estético tanto poderá ser obtido pela concepção da qualidade/utilidade ou a aparência que um determinado objeto nos apresenta.

A perfeição moral implica em enquadrar-se em um padrão de comportamento que corresponda ao nosso senso estético e a visão de mundo individual. Sendo que a moral é relativamente perfeita pois se tratando de algo variante, em constante mudança temos apenas uma impressão de determinado tipo de comportamento na qual passará pelo nosso julgamento pessoal e assim ganhará a sua qualificação conforme nos apresenta.

A perfeição moral pode ser medida da mesma forma, tanto pela utilidade como pela aparência, sendo que de uma forma ou de outra ambas refletirão e influenciarão a nossa mente na maneira em como compreendemos o mundo.

Perfeição é mente condicionada a ela.

Cada um na sua individualidade busca aquilo que é essêncial para a construção moral, lógicamente que recorremos a busca do perfeito para o nosso estilo, para nossa cultura, para corresponder perfeitamente aos nossos valores, às nossas necessidades da vida.

Recorrer ao perfeito é recorrer ao útil, ao necessário, ao complemento perfeito não na visão externa mas na individualidade de cada um que pode senti-la nas frações de cada percepção.


Por: Ericson Tavares

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dos Filhos

E uma mulher que carregava o filho nos braços disse: “Fala-nos dos filhos.”
E ele disse:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E, embora vivam convosco, a vós não pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Pois eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis faze-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas, são arremessados.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com Sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável.

Kahlil Gibran

Preconceito

Um homem visitou um místico famoso,
porque queria saber como se livrar
de suas crenças e preconceitos.
Em vez de lhe responder, o místico
andou em direção à uma pilastra e a
abraçou, enquanto gritava:

- Socorro, salve-me desta pilastra!
Ela está me prendendo!
Salve-me desta pilastra!
O homem que fizera a pergunta,
pensou que o místico era maluco.
A gritaria atraiu um monte de gente.
Sem conseguir acreditar no que via,
o homem perguntou:

- Por que está fazendo isso?
Eu vim para lhe fazer uma pergunta importante.
- Pensei que fosse sábio, mas acho que é louco.
O senhor está segurando a
pilastra e pode soltá-la na hora que quiser.
Ela não o está prendendo.
O místico largou a pilastra e disse:
- Então já tem a resposta à sua pergunta.
Não são suas crenças e preconceitos que te seguram.
Você os agarra firmemente e não os solta.
Para se livrar deles, basta largá-los na hora que quiser....


Sabedoria Budista

terça-feira, 1 de junho de 2010

Considero saudável estar só na maior parte do tempo.
Estar acompanhado, mesmo pelos melhores, cedo se
torna enfadonho e dispersivo.
Adoro estar só.
Nunca encontrei um companheiro tão sociável
como a solidão. Estamos geralmente mais sós
quando viajamos com outros homens do que quando
permanecemos nos nossos aposentos.
Um homem quando pensa ou trabalha está sempre só,
deixai-o pois estar onde ele deseja.
A solidão não é medida pelas milhas de espaço
que separam um homem e os seus congéneres.

Henry David Thoreau, in 'Walden'

Respiração Holotrópica



A Respiração Holotrópica ™ é uma valiosa técnica de psicoterapia experiencial e auto-exploração profunda existente na Psicologia Transpessoal, embasada no potencial curativo e transformador dos estados ampliados de consciência. Foi criada por Stanislav Grof, um dos fundadores e principais teóricos da Psicologia Transpessoal, juntamente com sua esposa Christina Grof. Vem sendo utilizada desde 1976 ao redor do mundo com impactantes resultados terapêuticos e de desenvolvimento pessoal.

O método utilizado na Respiração Holotrópica ™ combina respiração mais rápida e profunda que a habitual, música evocativa, trabalho corporal e arte, permitindo que os participantes ampliem sua consciência e se conectem à sabedoria e à capacidade de cura próprias de seu corpo e psiquismo, instância psíquica esta que Grof chamou de curador interno.
Este estado incomum de consciência tem a surpreendente capacidade de selecionar e trazer à tona conteúdos de forte carga emocional e, portanto, de grande importância às nossas dinâmicas psíquicas. Podemos reviver ou nos conectar não somente com material biográfico (do nascimento até o momento presente), como se faz normalmente na psicoterapia tradicional, mas, também, ter acesso às memórias de nossa gestação e parto e ilimitado espectro dos fenômenos transpessoais.
O campo transpessoal compreende experiências onde não nos sentimos limitados pelo nosso ego, espaço ou tempo, e onde podemos conectar com os domínios míticos e arquetípicos, o inconsciente coletivo, o transcendente e o cosmos. Estas experiências transpessoais podem nos ajudar a desenvolver um senso de sentido e objetivo à nossa vida, ajudar a superar crises existenciais e despertar uma visão mais compassiva para conosco, pela humanidade e para com o planeta.

Fonte: http://holotropica.com.br/respiracao-holotropica/
“ Há um fluxo cósmico que cumpre um papel igualmente importante na formação dos universos, no sopro de vida e na consciência humana. Não se trata de forças independentes que atuam em nós e sim das energias universais que têm uma fonte comum, posto que é verdadeiro que o que existe embaixo é como o que existe no alto e o que existe no alto é como o que existe embaixo.” (Excerto da Tábua de Esmeralda, de Hermes Trismegisto)

À DESCOBERTA DO AMOR

Ensaia um sorriso
e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol
e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente
e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima
e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem
e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida
e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança
e vive á sua luz.
Enriquece-te de bondade
e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor
e fá-lo conhecer ao Mundo.

Mahatma Gandhi

A verdade, onde ela está?

Onde estará a verdade?

No casebre do pobre ou na mansão do rico?

Na guerra fatídica ou na paz escondida?

Na chama acesa ou no clarão do luar?

No canto do pássaro ou no brilho do olhar?

Na imensidão dos mares ou nos ares e no ar?

Em um copo com álcool ou na luz de um altar?

Num sorriso vislumbre ou saudade sem timbre?

Na vontade acesa ou na covardia ativa?

Nos desejos sonhados ou na ilusão delirada?

Na noite perdida ou no presente descoberto?

No momento passado ou no amanhã que virá?

Para onde quer que vás suas verdades eternamente estarão onde estiver teu coração.


Por: Ericson Tavares

A vida como ela é

A vida como ela é implica na aceitação de uma realidade imposta por um fator determinante externo ao Eu.

Viver é aceitar suas condições para assim poder trabalhar na moldura daquilo que nos fortalece e estabiliza, mantendo-nos atarefados em uma missão. Estar vivo é um estado específico na qual variará conforme a experiência vivida.

O mundo na qual vivemos é um universo sensível e orgânico, está intimamente relacionado com a capacidade de adquirir, adicionar, acrescentar novas experiências, acumular novas informações, em adquirir, possibilitando o "estado de consciência de qualidade de vida".

Os seres humanos são relativamente comparáveis a computadores, acúmulo de dados, deterministicamente capacitados, desempenho, memória, partes componentes etc. O homem é um ser mítico por naturera, sua mítica vem do seu auto-entendimento, do tentar compreender a si mesmo, sua mente, o seu passado pré-histórico, tudo aquilo que foge, relativamente, da alçada empirica e adentra no campo subjetivo, metafísico.

O homem é um ser racional pensante, que através do ato de pensar ele cria razões sobre as coisas, classificando-as conforme as características daquilo que percebe.

É muito difícil conceber a vida como ela é, isso implicaria em retirarmos o "véu da ilusão" que envolve nossas faces, e aceitar os riscos que acalenta estar vivo, entender que o esforço físico e o sofrimento nada mais é do que estados voltados para a obtenção da satisfação e felicidade, segundo os intentos divinos é claro. No entanto para compreendermos a vida como ela é basta que recorramos a ela como ela nos apresenta, e dar o melhor de si como resposta a suas expectativas.

Viver sem o véu da ilusão é estar entregue aos seus afazeres, e doar-se ao seu trabalho, é produzir conscientemente aquilo a que é capacitado, como diria Amir Sater, "compreender a marcha e ir tocando em frente", e assim se faz a vida com todos os seus altos e baixos, mas sempre com sua lição a ensinar e na qual melhor se vive aquele que melhor compreende as sabedorias existentes, a sabedoria da existência, a sabedoria da vida.


Por: Ericson Tavares

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O conhecimento do mérito não é o mérito do conhecimento.

O conhecimento do mérito não é o mérito do conhecimento.

Muitas vezes nos perguntamos qual a finalidade de todo esse conhecimento existente, a presença dessa vasta gama de assuntos e informações, qual seria seu fim último?

No passado a erudição era sinônimo de nobreza, classe, qualidade, valor, importância, estética, sabedoria etc, valores voltados para o individualismo, possessividade, sentimento de lucro, acréscimo, tais estados que despertava a prepotência instintivamente dos mais instruídos sobre os menos instruídos, muitas vezes escondendo ou restringindo determinadas informações das demais classes e individuos. Hoje com a mudança de paradigmas, ideais, com o processo de socialização do sistema temo-la como qualificação da técnica. A informação perdeu de certa forma o egoísmo que era sustentado pelo individualismo, o sentimento estético que volta-se ao seu redor e adquiriu a função de reguladora, qualificadora da produção. Sendo o que antes era um troféu, um atestado de capacidade, hoje é a própria capacidade, o conhecimento se transformou em potencialidade de produção para a sociedade, dentro da sociedade, com a aprovação da própria sociedade.

O compartilhamento de informações proporciona um estado de "aldeia global", como propôs o Marshall McLuhan. Um estado onde o conhecimento, esclarece, orienta, influencia e conduz a sociedade nas suas decisões, nos seus costumes, na sua cultura, na sua identidade. O conhecimento vem sendo utilizado para proporcionar uma produção mais eficiente, seja nas fábricas, nos campos, na literatura, nas religiões, nos serviços, na administração, na cultura, em várias outras áreas que compõe um estado, a sociedade a qual fazemos parte, influencia na nossa qualidade de vida, pois uma vida orientada é uma vida completa e gratificante, uma vida esclarecida é uma vida bem vivida.

O conhecimento não faz ninguém ser o que se é, mas os seus atos sim. Ele não assegura a qualidade, mais faz com que o individuo busque uma qualificação, ele não produz gênios, ele esclarece e dá as ferramentas para que se busque mais, ele não opera milagres, mas incentiva ao poder da fé, ele não é absoluto, absoluta são as nossas vidas e a maneira a qual nós a dirigimos, ele não é tudo, é apenas parte do tudo.

O homem é um ser pensante, talvez não diferente de outros seres mais com características próprias assim como cada animal. O homnem não é sustentado pelo conhecimento, mas por suas necessidades biológicas, ele não é Deus para tudo construir, mas através do consentimento Dele modela aquilo que já existe. O homem é um ser operante, um ser ativo, consciente que acumula informações através de dados que se obtém da realidade. Muitas das informações existentes são desnecessária ao homem, talvez pelo padrão de vida que se leva, mas que acrescenta e desenvolve o seu intelecto, sua capacidade mental, construindo a si próprio não por vaidade intelectual, ou por egoísmo de informação, mas por satisfazer a sua consciência assim como beber, dormir, assistir, conversar, sentir, interagir ou qualquer outro tipo de atividade que possa proporcionar a momentânia satisfação ou ocupação de sua mente.

Lembremos:

“Sem um fim social o saber será a maior das futilidades.” (Gilberto Freyre)


Por: Ericson Tavares

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Filosofia Interior

Filosofias... curtas, compridas, ambiguas, redundantes, simpatizantes, abominadoras, cativantes, delirantes, cientificas, sem fundamentos, amparadas, soltas, ocultas, desbotadas, mancas, ilariantes, criativas, errantes, embriagantes, assistencialistas, fundamentalistas, empolgantes, ilusionistas, sentimentalistas, conclave, estampa, corporativistas, conservadoristas, socialistas, dogmatizantes, superficialistas, iluministas é óbvio ululante, nacionalistas, esquerdista, materialistas, ignorantes, conformistas, ufanistas, manobristas, ceticistas, vigaristas, entediantes, empiristas, metodistas, democráticas, autocráticas, vanguardistas, helenistas, deterministas, classisistas, hedonistas, herméticas, apoéticas, sensacionalistas, ativistas, humanistas, importantes, consideravelmente maçantes, espirita, fidedignas, masoquistas, ensaístas, esotéricas, maniqueístas, impotentetemente potentes, faraônicas, universalistas, simplistas, travestidas, coletivas, hinduístas, sufistas, capitalistas, ocidentais, internacional, burocráticas, sedentárias, insuficientes, politicas, protencionistas, monetárias, normativas, juridicas, existencialistas, extremistas, injustas, navegantes, deturpantes, estagnadas, em plena parada, em ebulição, suportadas, entendidas, comentadas, identificaveis, incompreensiveis, nefastas, obscuramente claras, rotineiramente enquadradas, limitadas, estudadas, absurdas, inventadas, alienadas, enfim apenas filosofia...


Filosofia é um nada útil. Útil tanto para o filósofo quanto para o não-filósofo, tanto para si mesma quanto não. Ser filósofo é ser nada, um nada de alguma importância, é ser estando..., ser filosofia é ser tudo, menos filósofo. Quem é de certa forma deixa de ser por um certa fração de tempo e quem não é passa a ser mesmo por algum momento na vida. Ser filosofo é estar preparado para a produção, apertar os sintos na hora certa, comer fogo com catchup e maionese tentando não queimar a boca.

O que é ou deixa de ser resume-se essencialmente na questão da utilidade, seja cumprir uma obrigação ou para transmitir aquilo que sabe, colocar pra fora o que sente no peito, esquivar, argumentar, sustentar o seu caso é uma missão aparentemente dura, mais não para quem aprende, para o bom aluno mesmo que desatencioso, mais esforçado e sensato no cumprimento do seu dever instintivo.

Filosofia não se transmite, mais ensina-se a senti-la. Esses são so mestres e professores da vida, que nos ensinam a ser filosofos, a desenvolver nossas próprias capacidades inatas, no mais profundo recanto de mente.

Ser filosofo é estar filosofo, é aprender filosofia através do dia-a-dia, é olhar para o sol e descobrir um novo universo, paralelo ou não, mais existente... na sua consciência.

A filosofia interior resume-se a isso, a busca do eu naquilo que produz, encontro de si mesmo naquilo que inventa, achar-se naquilo que descobre, sentir-se naquilo que orienta. É ser a paz e o caos dentro de si próprio, e ter nada e ao mesmo tempo ter tudo,e aprender que a vida não se faz com palavras, mas é com palavras que sustenta a vida, literalmente, culturalmente, psíquicamente estabelecido.


Por: Ericson Tavares

Entre a religião e a fé

É das entranhas da fé que surge a religião;
É pela necessidade que ela se fixa, enraíza-se na cultura de um povo;
É pela utilidade que ela prevalece através dos tempos;
É pela qualidade que ela se conserva;
É pelo benefício que ela é escolhida e devotada;
É por ser escolhida que faz dela ser o que é.

A fé legitima qualquer religião, sendo a primeira indispensável para uma vida prudente e sustentavel enquanto a segunda é relativa à necessidade de quem a pratica.
A fé veio sendo manifestada de diversas maneiras no decorrer dos tempos, e vem sendo presente conscientemente ou não nas atividades diárias do homem independente que se tenha uma religião ou não.

Para toda religiosidade é preciso o tempero da fé, mas nem para toda fé é preciso a presença de uma religião. A fé é o combustível para sustentar as ideologias enquanto a religião é a fortaleza moral. Enquanto a fé cultiva os aspectos subjetivos da psique humana a religião fortifica a moral individual e social, de certa forma é a estabilizadora da fé. A fé faz a religião e a religião contribui para acrescentar à fé elementos que lhe fortifiquem e possibilite a sua expansão e fundamentos, pois a fé fundamentada é um tesouro divino que Deus nos possibilita.

Viver uma vida com fé é acreditar em um futuro, nas possibilidades reais, é a busca por uma certeza satisfatória que possa corresponder às nossas dúvidas. Quem tem fé anseia por sua correspondência pessoal conforme vai resolvendo suas necessidades e surgindo outras novas, vai alimentando-se expectativas, ideais que nortearão nossas vidas, sustentada unicamente pela fé.

A religião é a ferramenta intermediária entre a comunicação do homem e o divino, sendo a fé o elemento principal para tal, e a religião sendo o crivo por onde passará a nossa fé em direção ao criador. A fé é a matéria prima que nos liga com o Mestre Cósmico enquanto a religião seria umas das maneiras em como se comunicar.

Fé e religião, ambas de extrema importância para o sustento da ordem no mundo. É indispensável sua presença em uma sociedade culturalmente religiosa. A fé é o que nos guia, seja nas sombras ou na luz, pois ela é uma das visões.


Por: Ericson Tavares

Anelo

Só aos sábios o reveles,
Pois o vulgo zomba logo:
Quero louvar o vivente
Que aspira à morte no fogo.

Na noite – em que te geraram,
Em que geraste – sentiste,
Se calma a luz que alumiava,
Um desconforto bem triste.

Não sofres ficar nas trevas
Onde a sombra se condensa.
E te fascina o desejo
De comunhão mais intensa.

Não te detêm as distâncias,
Ó mariposa! E nas tardes,
Ávida de luz e chama,
Voas para a luz em que ardes.

"Morre e transmuda-te": enquanto
Não cumpres esse destino,
És sobre a terra sombria
Qual sombrio peregrino.

Johann Wolfgang von Goethe
tradução de Manuel Bandeira

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pop Zen

Tudo que você tem não é seu
Tudo que você guardar
Não lhe pertence nem nunca lhe pertencerá
Tudo que você tem não é seu
Tudo que você guardar
Pertence ao tempo que tudo transformará
Só é seu aquilo que você dá
Só é seu aquilo que você dá
Tudo aquilo que você não percebeu
Tudo que não quis olhar
É como o tempo que você deixou passar
Tudo aquilo que você escondeu
Tudo que não quis mostrar
Deixe que o tempo com tempo vai revelar
Só é seu aquilo que você dá
Só é seu aquilo que você dá
E o beijo que você deu é seu
E o beijo que você deu é seu

Lampirônicos

Que espécie de homem és tu?

Que dentre as que conhece não compreendes ao certo os critérios que utiliza para se auto-classificar como um espécie determinada pela sua observação.

Que critérios válidos uma célula utilizaria para formar e compreender suas próprias capacidades e elementos componentes?

Seria válidamente justificado o conhecimento que uma formiga detém de si mesma, através da introspecção das informações formuladas por sua observação consciente externo a si mesma?

A compreensão de si mesmo difere-se da compreensão feita por um observador externo? O que se difere? Qual a mais coerente? Quais as semelhanças?

Enquanto a validade, qual a mais importante para a ciência, a indução, intuição ou observação dos fenômenos elementares para a produção do conhecimento?

A consciência seria justamente a presença desses elementos, intuitivo e dedutivo, lógico e racional?

A resposta para compreender a si mesmo está em nós ou externo, aos nossos sentidos?
Como poderiamos padronizar o homem a uma classificação específica sem conhecer de fato as bases que sustentam esse argumento? O que de fato sustenta as nossas certezas sobre as coisas?

O que é ser humano? Onde encontra-se esse conhecimento? Ser ou estar? O homem é uma icógnita temporal, sensações, sentidos, enfim, o homem é a busca por sentidos motivacionais e estabilizadora. Digamos que a vida seja o sentido primitivo para a existência.

Por: Ericson Tavares

terça-feira, 25 de maio de 2010

Supérfluo e necessário

Uns queriam um emprego melhor;
outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;
outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;
outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;
outros, ter pais.

Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita; outros, falar.
Uns queriam silêncio; outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo; outros, ter pés.

Uns queriam um carro; outros, andar.
Uns queriam o supérfluo;
outros, apenas o necessário.
Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.

Tenha a sabedoria superior.
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.
A sabedoria superior tolera, a inferior julga;
a superior alivia, a inferior culpa;
a superior perdoa, a inferior condena.

Tem coisas que o coração
só fala para quem sabe escutar!

Que possamos estar sempre atentos aos sinais
e saber o que realmente se faz necessário.

Chico Xavier

terça-feira, 18 de maio de 2010

A Morte Absoluta

Morrer.

Morrer de corpo e de alma.

Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,

A exangue máscara de cera,

Cercada de flores,

Que apodrecerão - felizes! - num dia,

Banhada de lágrimas

Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...

A caminho do céu?

Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,

A lembrança de uma sombra

Em nenhum coração, em nenhum pensamento,

Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente

Que um dia ao lerem o teu nome num papel

Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,

- Sem deixar sequer esse nome.


Manoel Bandeira

Com a Rosa dos ventos da alma e a bússola do coração

Homem e mulher tecem no seu amar sonhos!
Sonhos que se colocam a sonhar...
Somos todos e somos um...
Sendo tantos somos nenhum!

Somos o barco que luta nas águas da vida!
Aqueles que alçam as velas ao bom vento,
Que empunham o timão, o leme, o motor, os remos...
Aquele em comando, que assinala a direção!

Aquele que grita ao Gaveiro:
-Olha o mar!
Que ouve de volta:
-Terra a vista!
- Homem ao mar!
-Temos céu de brigadeiro...

Sendo todos e tantos,
Vejamos em nossa alma a nossa Rosa dos Ventos,
Em nosso coração incrustado no peito a nossa bússola
A guiar-nos!

Não desprezemos nossos sonhos mais loucos,
Entendamos pouco a pouco o que bem dentro de nós há!
Com o tempo não nos perderemos na loucura de nós mesmos,
Saberemos enfim a direção a tomar!

E como somos o barco, somos os remos,
Somos os marinheiros,
O comandante para nós guiar...
Subamos ao mastro, sejamos o Gaveiro!
Olhemos os caminhos no mar!

A Rosa dos Ventos da alma inteira,
Com a bússola encravada em nosso peito,
Levarão nossos passos á outras estradas
E nossas vidas nunca mais serão as mesmas!
E viver de sonhos ou realidade será apenas uma opção!


(Edvaldo Rosa)

MULHER-PÁSSARO (O Vôo da Liberdade)

Você não quis dizer quem é você no seu perfil, mas aquilo que escrevemos revela muito do que somos.

Quem lê suas reflexões e tem sensibilidade pode perceber que você é, antes de tudo, uma pessoa corajosa, uma mulher pássaro que ousou escapar da gaiola dourada aprisionadora de mentes ao perceber que a portinhola fechada pelos dogmas religiosos poderia ser aberta; que dependia somente de você a decisão de alçar vôo em direção à liberdade do mundo exterior desconhecido e, por isso mesmo, atemorizante.

Você poderia ter permanecido acomodada e temerosa em cativeiro, levando uma vida artificial, mas você é uma daquelas mulheres para quem a liberdade é o oxigênio do “espírito”.

A princípio foi um vôo instintivo e impreciso, mas firme, um vôo ansioso em um espaço aberto e infinito para quem antes estava confinada.

Hoje você voa alto e serenamente e em seu vôo pode ir muito além do horizonte, em qualquer direção; conhecer novas paisagens, que nunca estarão ao alcance dos pássaros temerosos, que não ousaram empurrar a portinhola e escapar rumo à liberdade.

Hoje você desfruta da brisa fresca, de uma vida na natureza. Você aprendeu a aproveitar a corrente ascendente de ar quente e subir com facilidade às alturas, que é só de onde as mais lindas paisagens podem ser avistadas.

Assim você se juntou a outros pássaros, que também foram audaciosos e não hesitaram em alçar vôo em direção à liberdade. Esses pássaros são poucos, mas eles são especiais.

Você é ..., por tudo isso, alguém especial.

(LSF – O Poeta Agnóstico)
(...)Mas o homem que vem de cruzar de novo a Porta da Muralha jamais será igual ao que partira para essa viagem. Será, daí por diante, mais sábio, embora menos arraigado em suas convicções, mais feliz, ainda que menos satisfeito consigo mesmo, mais humilde em concordar com a própria ignorância, embora esteja em melhores condições para compreender a afinidade entre as palavras e as coisas, entre o raciocínio sistemático e o insondável mistério que ele procura, sempre em vão, compreender(...)

Trecho de "As Portas da Percepção" de Aldous Huxley.
Quem deserta das coisas materiais mostra boa vontade- mas não prova verdadeira compreensão. Por que foge? Por que deserta? Porque se sente fraco e receia cair; mas o temor é escravizante. Plenamente liberto e livre é somente o homem que, depois de se consolidar definitivmente no mundo espiritual, volta ao mundo material sem se materializar; o seu reino não é daqui, mas ele ainda trabalha aqui, como se fosse o mais profano dos profanos. Somente um homem plenamente espiritual pode admitir aparências de materialidade sem desmentir a sua espiritualidade. De um homem que nada espera do mundo, tudo pode o mundo esperar.

Mahatma Gandhi
Relaxe e seja apenas um espelho observador,
que testemunha, refletindo tudo.
Nem aquelas coisas têm intenção de ser refletidas,
Nem você tem intenção de captar seus reflexos.
Simplesmente seja um lago silencioso refletindo,
e toda a bem-aventurança é sua.
Este momento presente se torna a não-mente, o não-tempo,
apenas uma pureza, um espaço sem fronteiras.
Essa é a sua liberdade.
Sidartha Gautama

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste :
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.


Cecília Meireles
Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço,
Num vôo poderoso e audaz da fantasia.

Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,
Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.

É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,
Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar, constantemente, o olhar ao céu profundo.

Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:
Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.

Helena Kolody

Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

Cecília Meireles
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

Álvaro de Campos
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro

Minha Morte

Dormi... não acordei.
Onde estou? Nada me toca.
Não estou caindo... não há chão.
Olho em volta, mas... não há luz, como ver?
Ouço em torno... que silêncio!
Não flutuo... ar não existe.
O ambiente rescende a... não sinto cheiros!
Devo me cobrir? Não está frio... não está quente.
Não sinto nada.
Quem sabe se eu for... para onde?
Não existem lugares!
Vou esperar, mas... e o tempo?
O que são dos momentos?
Ainda bem que me restam as lembranças.
Minhas memórias? Sumiram!
Tudo parece vazio, mas...
Onde está este vazio?
Preciso pensar...
Não consigo pensar.
O que é mesmo que eu quero?
Que eu?
Não existe mais nada.
Morri!!

(Ernesto von Rückert)

A Descoberta do Mundo

Se o meu mundo não fosse humano,
também haveria lugar para mim:
eu seria uma mancha difusa de instintos
doçuras e ferocidades, uma trêmula irradiação de paz e luta:
se o meu mundo não fosse humano eu me arranjaria sendo um bicho.
Por um instante então desprezo o lado humano da vida
e experimento a silenciosa alma da vida animal.
É bom, é verdadeiro, ela é a semente do que depois se torna humano.

Clarice Lispector

Viagem ao desconhecido

Estou preso neste quarto, acorrentado aos meus limites como humano em busca do desconhecido, da liberdade soberana ao infinito do imaginário existencial do homem.

Cortar a corda que me prende, é o que procuro para iniciar a minha viagem por outras dimensões, outros espaços e estados... libertar-se do medo e das restrições que a carne possibilita.

Ò humano, mortal? O que seria ser mortal? Para definir algo como finito só conhecendo bem a totalidade daquilo que afirmamos ser. O humano é um icógnita, nem infinita nem finita, mais possivel, em conformidade ao seu estado no momento.

Navegarei por outros mares, conhecerei novas lugares, viverei situações inimagináveis ao conhecimento do homem. Libertar-se do mundo, de suas amarras, serei o que a natureza me chama através da minha consciência, para outra dimensão, outra órbita ocupar outro espaço, outra função nesse sistema.

O homem que teme sua libertação está acorrentado aos seus medos, a suas convicções de uma realidade finita e imutável, na zona de conforto da existência temem o novo, temem o inusitado, esquecendo que eles próprios são agentes da realidade, formadores de conteúdo, e que podem transmutar aquilo que teme, aquilo que não gosta em algo produtivo, que tenha serventia no sistema ao invés de ignorar e rejeitar o fato, abrindo mão das possibilidades presentes.

O homem é o único ser que se compreende, isso quando não está sob o véu da ilusão sob seus olhos. O homem é tudo e ao mesmo tempo um nada em contraposição à grandeza desse tudo universal.

Ele teme o que desconhece, não da o passo com a certeza, assumindo os riscos da mesma, mas caminha inseguro, na incerteza, avança por necessidade e não por consciência. Liberdade é poder se livrar daquilo que nos prende aos nossos desejos, somos livres para voar, basta apenas inventar. Tal capacidade faz com que tenhamos grandes encontros nessa magnificia e misteriosa viagem ao desconhecido.


Por: Ericson Tavares

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quem sou eu?

Fui algum tipo de estado especulativo energético no espaço/tempo;
Uma célula espermática nos limites da bioexistência;
Um embrião em desenvolvimento;
Uma criatura cognoscente que tomou consciência do mundo;
Um ser individual que tomou consciência de si e do universo;
Um ser em processo de mutabilidade;
Serei futuramente algum tipo de estado especulativo energético no espaço/tempo, encerrando-se o ciclo vital?

Eu não sou o que proponho a ser, mas sou o próprio movimento do universo, transformo-me junto com ele; sou uma parte dele, mais estado do que determinação.


E para sermos alguma coisa, termos alguma significação, pelo menos o movimento do universo, precisamos de um força divina que nos mantenha com a energia vital ativa; o Deus responsável pela criação, conservação e transformação das coisas, força vital de tudo, arquiteto supremo do universo, inventor natural da existência. Sem essa energia ativa do universo nada funcionaria corretamente, reduziriamos a meras paisagens sem vida, sem movimento, sem identidade, sentimentos, seriamos um macro conjunto desorganizado, ausentando-nos aquilo de mais precioso para a nossa sustentação; a ordem de cada elemento, de cada universo, de cada planeta, de cada região, funcionando da maneira ideal formando-se assim o que chamamos de vida no limite da realidade possivel.


Por: Ericson Tavares

Os Insetos Interiores

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.

Fernando Anitelli

VIDA MENOR

A fuga do real,
ainda mais longe a fuga do feérico,
mais longe de tudo, a fuga de si mesmo,
a fuga da fuga, o exílio
sem água e palavra, a perda
voluntária de amor e memória,
o eco
já não correspondendo ao apelo, e este fundindo-se,
a mão tornando-se enorme e desaparecendo
desfigurada, todos os gestos afinal impossíveis,
senão inúteis,
a desnecessidade do canto, a limpeza
da cor, nem braço a mover-se nem unha crescendo.
Não a morte, contudo.
Mas a vida: captada em sua forma irredutível,
já sem ornato ou comentário melódico,
vida a que aspiramos como paz no cansaço
(não a morte),
vida mínima, essencial; um início; um sono;
menos que terra, sem calor; sem ciência nem ironia;
o que se possa desejar de menos cruel: vida
em que o ar, não respirado, mas me envolva;
nenhum gasto de tecidos; ausência deles;
confusão entre manhã e tarde, já sem dor,
porque o tempo não mais se divide em seções; o tempo
elidido, domado.
Não o morto nem o eterno ou o divino,
apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente
e solitário vivo.
Isso eu procuro.

Drummond

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Livro da Cura

"O homem nasce para atingir a vida, mas tudo depende dele. Ele pode perdê-la. Ele pode seguir respirando, ele pode seguir comendo, ele pode seguir envelhecendo, ele pode seguir se movendo em direção ao túmulo - mas isso não é vida. Isso é morte gradual, do berço ao túmulo, uma morte gradual com a duração de setenta anos. E porque milhões de pessoas ao redor de você estão morrendo essa morte lenta e gradual, você também começa a imitá-los. As crianças aprendem tudo daqueles que estão em volta delas e nós estamos rodeados pelos mortos. Então temos que entender primeiro o que eu entendo por 'vida'. Ela não deve ser simplesmente envelhecer. Ela deve ser desenvolver-se. E isso são duas coisas diferentes. Envelhecer, qualquer animal é capaz. Desenvolver-se é prerrogativa dos seres humanos. Somente uns poucos reivindicam esse direito.
Desenvolver-se significa mover-se a cada momento mais profundamente no princípio da vida; significa afastar-se da morte - não ir na direção da morte. Quanto mais profundo você vai para dentro da vida, mais entende a imortalidade dentro de você. Você está se afastando da morte: chega a um momento em que você pode ver que a morte não é nada, apenas um trocar de roupas ou trocar de casas, trocar de formas - nada morre, nada pode morrer. A morte é a maior ilusão que existe.
Como desenvolver-se? Simplesmente observe uma árvore. Enquanto a árvore cresce, suas raízes crescem para baixo, tornam-se mais profundas. Existe um equilíbrio; quanto mais alto a árvore vai, mais fundo as raízes vão. Na vida, desenvolver-se significa crescer profundamente para dentro de si mesmo - que é onde suas raízes estão.
Para mim o primeiro princípio da vida é meditação. Tudo o mais vem em segundo lugar. E a infância é o melhor momento. À medida que você envelhece, significa que você está chegando mais perto da morte, e se torna mais e mais difícil entrar em meditação. Meditação significa entrar na sua imortalidade, entrar na sua eternidade, entrar na sua divindade. E a criança é a pessoa mais qualificada porque ela ainda está sem a carga da educação, sem a carga de todo o tipo de lixo. Ela é inocente. Mas infelizmente a sua inocência está sendo considerada como ignorância. Ignorância e inocência tem uma similaridade, mas elas não são a mesma coisa. Ignorância também é um estado de não conhecimento, tanto quanto a inocência é. Mas também existe uma grande diferença que passou despercebida por toda a humanidade até agora. A inocência não é instruída - mas também não é desejosa de ser instruída. Ela é totalmente contente, preenchida...
O primeiro passo na arte de viver será criar uma linha de demarcação entre ignorância e inocência. Inocência tem que ser apoiada, protegida - porque a criança trouxe com ela o maior tesouro, o tesouro que os sábios encontram depois de esforços árduos. Os sábios têm dito que se tornaram crianças novamente, que eles renasceram...
Sempre que você perceber que perdeu a oportunidade da vida, o primeiro princípio a ser trazido de volta é a inocência. Abandone o seu conhecimento, esqueça as suas escrituras, esqueça as suas religiões, suas teologias, suas filosofias. Nasça novamente, torne-se inocente - e a possibilidade está em suas mãos. Limpe a sua mente de todo conhecimento que não foi descoberto por você mesmo, de todo conhecimento que foi tomado emprestado dos outros, tudo o que veio pela tradição, convenção, tudo o que lhe foi dado pelos outros - pais, professores, universidades. Simplesmente desfaça-se disso. Novamente seja simples, mais uma vez seja uma criança. E esse milagre é possível pela meditação.
Meditação é apenas um método cirúrgico não convencional que corta tudo aquilo que não é seu e só preserva aquilo que é o seu autêntico ser. Ela queima tudo o mais e o deixa nu, sozinho embaixo do sol, no vento. É como se você fosse o primeiro homem que tivesse descido na Terra - que nada sabe e que tem que descobrir tudo, que tem que ser um buscador, que tem que ir em peregrinação.
O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca - não um desejo, mas uma pesquisa: não uma ambição para tornar-se isso, para tornar-se aquilo, um presidente de um país, ou um primeiro-ministro, mas uma pesquisa para encontrar 'Quem sou eu?'. É muito estranho que as pessoas que não sabem quem elas são, estão tentando se tornar alguém. Elas nem mesmo sabem quem elas são neste momento! Elas não conhecem os seus seres - mas elas têm um objetivo de vir a ser. Vir a ser é a doença da alma. O ser é você e descobrir o seu ser é o começo da vida. Então cada momento é uma nova descoberta, cada momento traz uma alegria. Um novo mistério abre as suas portas, um novo amor começa a crescer em você, uma nova compaixão que você nunca sentiu antes, uma nova sensibilidade a respeito da beleza, a respeito da bondade.
Você se torna tão sensível que até a menor folha de grama passa a ter uma importância imensa para você. Sua sensibilidade torna claro para você que essa pequena folha de grama é tão importante para a existência quanto a maior estrela; sem esse folha de grama, a existência seria menos do que é. E essa pequena folha de grama é única, ela é insubstituível, ela tem a sua própria individualidade.
E essa sensibilidade criará novas amizades para você - amizades com árvores, com pássaros, com animais, com montanhas, com rios, com oceanos, com as estrelas. A vida se torna mais rica enquanto o amor cresce, enquanto a amizade cresce...
Quando você se torna mais sensível, a vida se torna maior. Ela não é um pequeno poço, ela se torna oceânica. Ela não está confinada a você, sua esposa e seus filhos - ela não é confinada de jeito algum. Toda essa existência se torna a sua família e a não ser que toda essa existência seja a sua família, você não conheceu o que é a vida. - porque homem algum é uma ilha, nós estamos todos conectados. Nós somos um vasto continente, unidos de mil maneiras. E se o nosso coração não está cheio de amor pelo todo, na mesma proporção a nossa vida é diminuída.
A meditação lhe traz sensibilidade, uma grande sensação de pertencer ao mundo. Este é o nosso mundo - as estrelas são nossas e nós não somos estrangeiros aqui. Nós pertencemos intrinsecamente à existência. Nós somos parte dela, nós somos o coração dela.
Em segundo lugar, a meditação irá lhe trazer um grande silêncio - porque todo o lixo do conhecimento foi embora, pensamentos que são partes do conhecimento foram embora também... Um imenso silêncio e você é surpreendido - esse silêncio é a única música que existe. Toda música é um esforço para manifestar esse silêncio de algum modo.
Os videntes do antigo oriente foram muito enfáticos a respeito da questão de que todas as grandes artes - música, poesia, dança, pintura, escultura - são todas nascidas da meditação. Elas são um esforço para, de algum modo, trazer o incompreensível para o mundo do conhecimento, para aqueles que não estão prontos para a peregrinação - presentes para aqueles que ainda não estão prontos para partirem na peregrinação. Talvez uma canção possa despertar um desejo de ir em busca da fonte, talvez uma estátua.
Na próxima vez que em você entrar em um templo de Gautama Buda ou de Mahavira, sente-se silenciosamente e olhe a estátua... porque a estátua foi feita de tal forma, em tal proporção que se você olhá-la, você cairá em silêncio. É uma estátua de meditação; não é a respeito de Gautama Buda ou de Mahavira...
Naquele estado oceânico, o corpo toma uma certa postura. Você próprio já observou isso, mas não estava alerta. Quando você está com raiva, você observou? seu corpo tomou uma certa postura. Na raiva você não pode manter as suas mãos abertas: na raiva, a mão se fecha. Na raiva você não pode sorrir - ou você pode? Com uma certa emoção, o corpo tem que seguir uma certa postura. Pequenas coisas estão profundamente relacionadas no interior...
Uma certa ciência secreta foi usada por séculos, de modo que as gerações futuras pudessem entrar em contato com as experiências das gerações mais velhas - não através de livros, não através de palavras, mas através de algo que vai mais profundo - através do silêncio, através da meditação, através da paz. À medida que seu silêncio cresce, sua amizade cresce, seu amor cresce; sua vida se torna uma dança, momento a momento, uma alegria, uma celebração.
Você já pensou sobre o porquê, em todo o mundo, em toda cultura, em toda sociedade, existem uns poucos dias no ano para a celebração? Esses poucos dias para a celebração são apenas uma compensação - porque essas sociedades tiraram toda a celebração de sua vida e se nada é dado para você em compensação, sua vida pode tornar-se um perigo para a cultura. Toda cultura criou alguma compensação e assim você não se sentirá completamente perdido na miséria, na tristeza... Mas essas compensações são falsas. Mas no seu mundo interior pode existir uma continuidade de luz, canções, alegria.
Sempre lembre-se que a sociedade o compensa quando ela sente que a repressão pode explodir em uma situação perigosa se não for compensada. A sociedade encontra algum jeito de lhe permitir soltar a repressão. Mas isso não é a verdadeira celebração, e não pode ser verdadeira. A verdadeira celebração deveria vir de sua vida, na sua vida.
E a celebração não pode estar de acordo com o calendário, que no primeiro dia de novembro você irá celebrar. Estranho, o ano todo você é miserável e no primeiro dia de novembro, de repente, você sai da miséria, dançando. Ou a miséria era falsa ou o primeiro de novembro é falso.; ambos não podem ser verdadeiros. E uma vez que o primeiro de novembro se vai, você está de volta em seu buraco negro, todo mundo em sua miséria, todo mundo em sua ansiedade.
A vida deveria ser uma celebração contínua, um festival de luzes por todo o ano. Somente então você pode se desenvolver, você pode florir. Transforme pequenas coisas em celebração... Tudo o que você faz deveria expressar a si próprio; deveria ter a sua assinatura. Então a vida se torna uma celebração contínua.
Inclusive se você adoece e você está deitado na cama, você fará daqueles momentos de repouso, momentos de beleza e alegria, momentos de relaxamento e descanso, momentos de meditação, momentos para ouvir música ou poesia. Não há necessidade de ficar triste porque você está doente. Você deveria estar feliz porque todo mundo está no escritório e você está na cama como um rei, relaxando - alguém está preparando chá para você, o samovar está cantando uma canção, um amigo se oferece para vir e tocar flauta para você. Essas coisas são mais importantes do que qualquer remédio. Quando você está doente, chame um médico. Mas, mais importante, chame aqueles que o amam porque não existe remédio mais importante que o amor. Chame aqueles que podem criar beleza, música, poesia à sua volta, porque não existe nada que cure como uma atmosfera de celebração.
O medicamento é o mais baixo tipo de tratamento. Mas parece que nós esquecemos tudo, assim nós temos que depender dos medicamentos e ficar rabugentos e tristes - como se você estivesse perdendo uma grande alegria que havia quando você estava no escritório! No escritório você era miserável - simplesmente um dia de folga, mas você também se agarra à miséria, você não a deixa ir.
Faça todas as coisas criativas, faça o melhor a partir do pior - isso é o que eu chamo de arte. E se um homem viveu toda a vida fazendo a todo momento uma beleza, um amor, um desfrute, naturalmente a sua morte será o supremo pico no empenho de toda a sua vida.
Os últimos toques... sua morte não será feia como ordinariamente acontece todo dia com todo mundo. Se a morte é feia, isso significa que toda a sua vida foi um desperdício. A morte deveria ser uma aceitação pacífica, uma entrada amorosa no desconhecido, um alegre despedir-se dos velhos amigos, do velho mundo...
Comece com a meditação e muitas coisas crescerão em você - silêncio, serenidade, êxtase, sensibilidade. E o que quer que venha com a meditação, tente trazer para a sua vida. Compartilhe isso, porque tudo o que é compartilhado cresce mais rápido. E quando você atingir o momento da morte, você saberá que não existe morte. Você pode dizer adeus, não existe nenhuma necessidade de lágrima de tristeza - talvez lágrimas de felicidade, mas não de tristeza."
OSHO, O Livro da Cura

Eu sou...

Dentre palavras, sou apenas lembrança.
Dentre imagens, sou aquilo que restou.
Dentre ação, sou aquele que caminha sob os escuros mares da incerteza.
Dentre grandeza, sou aquilo que eu sou, nem mais nem menos, matéria prima que a natureza constrói e transforma conforme o ritmo da vida.
Dentre a existência, sou aquilo que carrego nas costas, sou o tempo em demasia, sou o brilho do olhar, ou a ausência dele, sou a preza que dorme, o caçador que domina, a dor que atina no fundo do peito. eu sou... eu fui... passado e presente, pois o futuro a Deus pertence.


Por: Ericson Tavares

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A Lenda das Areias

Vindo desde as suas origens em distantes montanhas, após passar por inúmeros acidentes de terreno nas regiões campestres, um rio finalmente alcançou as areias do deserto. E do mesmo modo como vencera as outras barreiras, o rio tentou atravessar esta de agora, mas se deu conta de que suas águas mal tocavam a areia nela desapareciam.

Estava convicto, no entanto, de que fazia parte de seu destino cruzar aquele deserto, embora não visse como fazê-lo. Então uma voz misteriosa, saída do próprio deserto arenoso, sussurrou:
- O vento cruza o deserto, o mesmo pode fazer o rio.

O rio objetou estar se arremessando contra as areias, sendo assim absorvido, enquanto o vento podia voar, conseguindo dessa maneira atravessar o deserto.

- Arrojando-se com violência como vem fazendo não conseguirá cruzá-lo. Assim desaparecerá ou se transformará num pântano. Deve permitir que o vento o conduza a seu destino.

- Mas como isso pode acontecer?

- Consentindo em ser absorvido pelo vento.

Tal sugestão não era aceitável para o rio. Afinal de contas, ele nunca fora absorvido até então. Não desejava perder a sua individualidade. Uma vez a tendo perdido, como se poderá saber se a recuperaria mais tarde?

- O vento desempenha essa função - disseram as areias. - eleva a água, a conduz sobre o deserto e depois a deixa cair. Caindo em forma de chuva, a água novamente se converte num rio.

- Como posso saber que isto é verdade?

- Pois assim é, e se não acredita, não se tornará outra coisa senão um pântano, e ainda isto levaria muitos e muitos anos; e um pântano não é certamente a mesma coisa que um rio.

- Mas não posso continuar sendo o mesmo rio que sou agora?

- Você não pode, em caso algum, permanecer assim - retrucou a voz. - Sua parte essencial é transportada e forma um rio novamente. Você é chamado assim ainda hoje por não saber qual a sua parte essencial.

Ao ouvir tais palavras, certos ecos começaram a ressoar nos pensamentos mais profundos do rio. Recordou vagamente um estágio em que ele, ou uma parte dele, não sabia qual, fora transportada nos braços do vento. Também se lembrou, ou lhe pareceu assim, de que era isso o que devia fazer, conquanto não fosse a coisa mais natural.

E o rio elevou então seus vapores nos acolhedores braços do vento, que suave e facilmente o conduziu para o alto, e para bem longe, deixando-o cair suavemente tão logo tinham alcançado o topo de uma montanha, milhas e milhas mais distante. E porque tivera suas dúvidas, o rio pode recordar e gravar com mais firmeza em sua mente os detalhes daquela sua experiência. E ponderou: - Sim, agora conheço a minha verdadeira identidade.

O rio estava fazendo seu aprendizado, mas as areias sussurraram:

- Nós temos o conhecimento porque vemos essa operação ocorrer dia após dia, e porque nós, as areias, nos estendemos por todo o caminho que vai desde as margens do rio até a montanha.

E é por isso que se diz que o caminho pelo qual o Rio da Vida tem de seguir em sua travessia está escrito nas Areias.

*
Do livro "O Buscador da Verdade" de Idries Shah

Com a Rosa dos ventos da alma e a bússola do coração

Homem e mulher tecem no seu amar sonhos!
Sonhos que se colocam a sonhar...
Somos todos e somos um...
Sendo tantos somos nenhum!

Somos o barco que luta nas águas da vida!
Aqueles que alçam as velas ao bom vento,
Que empunham o timão, o leme, o motor, os remos...
Aquele em comando, que assinala a direção!

Aquele que grita ao Gaveiro:
-Olha o mar!
Que ouve de volta:
-Terra a vista!
- Homem ao mar!
-Temos céu de brigadeiro...

Sendo todos e tantos,
Vejamos em nossa alma a nossa Rosa dos Ventos,
Em nosso coração incrustado no peito a nossa bússola
A guiar-nos!

Não desprezemos nossos sonhos mais loucos,
Entendamos pouco a pouco o que bem dentro de nós há!
Com o tempo não nos perderemos na loucura de nós mesmos,
Saberemos enfim a direção a tomar!

E como somos o barco, somos os remos,
Somos os marinheiros,
O comandante para nós guiar...
Subamos ao mastro, sejamos o Gaveiro!
Olhemos os caminhos no mar!

A Rosa dos Ventos da alma inteira,
Com a bússola encravada em nosso peito,
Levarão nossos passos á outras estradas
E nossas vidas nunca mais serão as mesmas!
E viver de sonhos ou realidade será apenas uma opção!


(Edvaldo Rosa)

domingo, 9 de maio de 2010

Coletânea de Poemas - RUMI

Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
*
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.

Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.

Vem, se te interessas, posso mostrar-te.
*
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?

Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
*
Não durmas,
senta com teus pares

A escuridão oculta a água da vida.
Não te apresses, vasculha o escuro.
Os viajantes noturnos estão plenos de luz;
não te afastes pois da companhia de teus pares.
*
Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.
*
Sofreste em excesso
por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.

Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.
*
Oh, dia, levanta! Os átomos dançam,
As almas, loucas de êxtase dançam.
A abóbada celeste, por causa deste Ser, dança,
Ao ouvido te direi aonde a leva sua dança.
*


Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio:
- Não me esconda nada dos segredos do mundo!
Muito docemente, ele me disse ao ouvido:
- Chut! Podemos compreender, mas não exprimir!
*
Quero fugir a cem léguas da razão,
Quero da presença do bem e do mal me liberar.
Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser.
Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis!
*
Eu soube enfim que o amor está ligado a mim.
E eu agarro esta cabeleira de mil tranças.
Embora ontem à noite eu estivesse bêbado da taça,
Hoje, eu sou tal, que a taça se embebeda de mim.
*
Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu;
Esta água nunca faltou a este riacho
Ele é a substância do almíscar e nós o seu perfume,
Alguma vez se viu o almíscar separado de seu cheiro?
*
Se busco meu coração, o encontro em teu quintal,
Se busco minha alma, não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo.
Se bebo água, quando estou sedento
Vejo na água o reflexo do teu rosto.
*
Sou medido, ao medir teu amor.
Sou levado, ao levar teu amor.
Não posso comer de dia nem dormir de noite.
Para ser teu amigo
Tornei-me meu próprio inimigo.
*
Teu amor me tirou de mim.
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu queimo por ti.
De ti, preciso de ti.
*
Não posso dormir quando estou contigo
por causa de teu amor.
Não posso dormir quando estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!
*
Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!
*


À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende.
*
A fé da religião do Amor é diferente.
A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.
*
- Vem ao jardim na primavera, disseste.
- Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?


Jalaluddin Rumi

Mistério das pedras que se movem sozinhas


No Parque Nacional do Vale da Morte (Death Valley), situado no Estado da Califórnia, pode-se ver um fenômeno geológico muito misterioso, são pedras que movem-se de forma inexplicável.
Isto acontece em um local chamado Racetrack Playa, que é o fundo de um lago que lá existiu no passado e que algumas pessoas supersticiosas chamam de Praia do Diabo (Devil’s Playa).

Segundo informa o Serviço de Atendimento do Parque Nacional, existem mais 8 praias próximas ao Vale da Morte onde ocorre este curioso fenômeno.

O movimento das pedras já é conhecido há alguns séculos, mas os cientistas ainda não tem uma explicação exata sobre o que provoca o movimento das pedras que deixam rastros nas superfícies por onde passam.

Muitas das pedras pesam mais de 400 quilos e movem-se através de direções as mais diferentes.

Todos perguntam de onde vem a força que move as pedras. Sempre existe uma teoria nova procurando explicar a causa. Uns dizem que é a força dos ventos! Outros afirmam que são forças magnéticas.

Muitos cientistas foram até o deserto em busca de explicações. Através de suas experiências, concluíram que seria necessário ventos de mais de 370 quilômetros por hora para mover uma pedra de 400 quilos e ventos como este nunca foram vistos no planeta.

De acordo com outra teoria, acredita-se que em certas circunstâncias, uma fina película de gelo forma-se sobre a superfície da praia e assim, fica mais fácil acreditar na força do vento. Porém, alguns cientistas fizeram experimentos neste sentido e puderam comprovar que esta hipótese também é falsa.
O mais estanho é que ninguém nunca viu as pedras se movendo. Encontram apenas os rastros deixados pelo movimento.

Fonte: http://www.blogsilence.com/o-mistrio-das-pedras-que-se-movem/

Para mais informações: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rochas_deslizantes_de_Racetrack_Playa